quarta-feira, 19 de maio de 2010

Marechal Corrêa da Câmara - a morte do ditador Lopez, do Paraguai

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José Antônio Corrêa da Câmara, nascido em Porto Alegre, em 1824, é uma das mais legítimas glórias do Exército brasileiro. Toda a sua vida de militar foi devotada à defesa da Pátria, conquistando nos campos de batalha o direito da imortalidade de seu nome. De soldado raso a Marechal, ele deixou um exemplo nobilíssimo de disciplina, de bravura e de patriotismo admiráveis.

Na segunda fase da Guerra contra Solano Lopez, na Campanha da Cordilheira, Câmara chefia a 2a Divisão de Cavalaria.

Partindo de Conceição, Câmara entra em perseguição aos remanescentes das forças paraguaias. Depois de várias lutas, determina a travessia do Aquidaban, para atacar o ditador no seu refúgio. Peleja tremenda a que travou o grande cabo de guerra. A travessia desse rio foi feita com água pela cincha do cavalo, debaixo de vivo fogo de artilharia e fuzilaria inimiga.

Transpondo o rio, Câmara dirigiu o ataque à planície de Aquidaban-nigui, onde estavam as forças inimigas comandadas pelo próprio Solano Lopez. Em sua parte, diz Câmara:

"O Coronel Silva Tavares não lhe deu tempo para respirar. Carregando sobre ele, dizimando seus defensores, mutilando seu piquete de oficiais, ceifando com o gláudio da vitória aquelas vidas que, como anjos do mal, se opunham à paz e à regeneração de um povo, levou-o de envolta no pó e no fumo, de encontro ao mato que margeia o Aquidaban-nigui. À tão encarniçada perseguição não pode o tirano fazer face. Abandonando-se à fuga, lançou-se pelo interior do mato, onde de perto o seguiram um punhado de bravos, que lhe juraram extermínio, até que, ferido, desanimado, exausto, apeando-se do seu cavalo, dirigiu-se para aquele arroio que tentou transpor, caindo de joelhos na barranca oposta. Foi nesta ocasião que, tendo-me apeado e seguido em seu encalço, o encontrei. Intimei-lhe que se rendesse e entregasse a espada, que lhe garantia os restos de vida o general que comandava aquelas forças. Respondeu-me, atirando-me um golpe de espada." Lopez declarara: "Morro por minha pátria, com a espada na mão."

Câmara ordenou, então a um soldado que o desarmasse, ao mesmo tempo em que o tirano, gravemente ferido, exalava o último suspiro. Era no primeiro de março de 1870. Apesar de Câmara haver informado ao Ministro da Guerra, de que Lopez havia sucumbido por ferimento de arma de fogo, o cel. Tavares continuou a afirmar que o tirano recebera um lançaço mortal do soldado Francisco Lacerda, conhecido por Chico Diabo, seu cabo de ordens. Acha o general Fragoso que o argumento apresentado por esse oficial é irretorquível.

Retornando ao Brasil, terminado o conflito, foi ainda o general Câmara senador pelo Rio Grande do Sul e Ministro da Guerra. Proclamada a República, foi promovido a Marechal e sido governador do Rio Grande do Sul, cargo ao qual renunciou por discordâncias políticas com Júlio de Castilhos.

Feito Visconde, foi Grande do Império e Conselheiro de S.M. I. Faleceu grande soldado, no Rio de Janeiro, a 18 de agosto de 1893.
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(adaptado do livro de Américo Palha, "Soldados e Marinheiros do Brasil".

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