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Não pensei que fosse viver um tempo neste nosso Brasil em que o ódio fosse a sudorese do governo. Que um país de história tão bonita, fruto da luta de gerações, que deu exemplos de solidez, de unificação, de integridade territorial, de respeito às pessoas, independentemente de sua pele ou credo político, fosse sair copiando sistemas políticos eivados de violência e culturas caudilhescas mais afeitas ao pior do século XIX, do que ao XXI.Um país que se envergonha de seus mortos enquanto os outros reverenciam aqueles que os mataram. Um país que comemora a independência da América do Sul, quando um Vice-Reinado espanhol dividiu-se em miríades de republiquetas típicas do mandonismo rural, lutando entre sí como repúblicas, mas não democraticamente, pois os governos eram apeados constante e regularmente por 'pronunciamentos'. Tudo em meio a degolas, saques, roubos e perseguição severa e dura aos adversários. É disso que eles se orgulham?
O Brasil, ao contrário, manteve-se, de modo geral, um Império progressista, sob a égide de uma Monarquia Parlamentarista, mesmo quando sob regência do Rei menino. País que, ao invés de assistir às diversas guerras civís localizadas, conclamou seus cidadãos à concórdia, ao trabalho coletivo e ao bem comum. E conseguiu!
Na segunda metade do século XIX, o Brasil corria lado a lado com os Estados Unidos, mesmo considerando as flagrantes diferenças geográficas que favoreciam ou impediam o progresso de ambas as nações. Telégrafo, fotografia, cabo submarino, estradas de ferro, estaleiros, frota marítima, consolidação e acerto diplomático das fronteiras, respeito à naionalidade brasileira, tudo acontecia em um mesmo e decisivo momento.
O regime político único e diferenciado na América do Sul, sendo monárquico, jamais sofrenou a participação do Brasil no auxílio aos republicanos do resto da América quando solicitado e em prol das liberdades democráticas básicas e funadmentais, como a liberdade de expressão e de reunião e da propriedade. O Brasil sempre lutou contra as tiranias, viessem de qualquer lado. É só olhar para a História.
Negou-se o Império brasileiro,no entanto, e peremptoriamente, a fazer parte de comluios e lutas políticas para apoiar ou avalizar 'quarteladas', ou tentativas revolucionárias de derrubadas de outros regimes em países vizinhos, a não ser para defesa prospectiva de sua própria integridade.
Destarte, heróis militares e civis como San Martin, O'Higgins, Bolivar, Sucre e Marti, que merecidamente os são para os países oriundos da América Espanhola, nunca foram heróis para os brasileiros, pois não poucas vezes foram mesmo inimigos declarados do Brasil, tudo fazendo para dividí-lo em tantos pedaços quanto os antigos territórios espanhóis. Era vital para eles que o Gigante brasileiro fosse desconjuntado e entregue em mãos de quem não o amava e respeitava como Pátria.
Pois não é que agora, andamos puxados pelo beiço por gente sem 'eira nem beira', por arrivistas e golpistas, arrastando-nos sobre os joelhos, cabisbaixos! Desmoralizados por gente 'sem tradição' e 'sem família'!?
Fiquei aparvalhado hoje ao ler o 'elogio fúnebre' de uma senhora cujo marido eu respeitava, mas só o marido, dizendo-á grande e boa pessoa, APESAR de ser de uma 'família tradicional'. Nem há o que comentar tão baixo e ideologicamente defasado no tempo é a linha de pensamento de quem o escreveu.
Lutei toda uma vida para ser um homem decente, descendo de 'famílias tradicionais' de quase todos os costados; 'tradicionais' por terem princípios, por terem honra, por não roubarem o alheio, por não compactuar com gente que não presta (sejam filhos ou parentes chegados, não interessa). Tenho orgulho de quem descendo, e eles devem ter orgulho de mim onde estiverem. O que talvez me faça difente de outro é que eu conheço suas vidas, suas alegrias e tristezas. Descendo de gente que também perdeu batalhas, mas nunca foi derrotada. Sabem como eu as conheço? Porque estudei-ás, pesquisei-ás, interssei-me por elas, para poder conhecer de onde e de que tipo de gente eu descendia, assim, poderia me aperfeiçoar ao saber dos genes dominantes ou recessivos de minha herança genética. Descendo de gente que me ensinou o respeito aos outros, fosse quem fosse, sem considerar para tanto a maneira com que se vestia ou a importância de sua morada, ou o ajaezamento do cavalo que montava, ou o tipoo de carro que ocupasse.
Fui criado em meio à diversidade social que existe no Brasil, de qualquer tipo, e ensinado que não era o ter que fazia um bom homem, mas o ser. Acostumei-me a considerar velho pensamento de um filósofo estoico romano: "é maravilhoso o homem que come num prato de barro como se fosse de ouro; igualmente maravilhoso é o homem que come num prato de ouro como se fosse de barro".
Isto é ser de 'família tradicional', mas deve ser entendido que só é 'tradicional' porque é conhecida de seus próprios membros. Algumas nunca serão, por mais poder que possuam momentaneamente, por mais dinheiro que acumulem.
Meu finado Pai, Waldemar Rieffel Spencer, a quem tanto devo como personalidade, sempre dizia para os filhos, de maneira que parece simplista, mas que é profudamente pragmática: "só esistem dois tipos de homem na sociedade: 'gente bem' e 'bagaceiro', e dinheiro, cargos e posição social nada tem a ver com isto!"
Isto é Tradição, o resto é inveja e despeito.
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"Isto é Tradição, o resto é inveja e despeito."
ResponderExcluirAssino em baixo!
Sonho e trabalho para ver, um dia, o meu país de novo respeitando as Tradições e seus próprios filhos...
Parabéns pela postagem, Professor Spencer!