Querem devolver o canhão Cristiano que pertenceu ao exército de Solano Lopez quando de sua guerra de conquista contra o Império do Brasil.
Dizem que ele foi levado à fortaleza de Humaitá, onde pouco teria sido usado. Sim, ele foi levado para a fortaleza fluvial dita inexpugnável, e que acabou sendo desbordada e cercada, perdendo de tal maneira sua função estratégica que foi abandonada à noite através do rio Paraguai.
Antes, porém, o enorme canhão denominado Cristiano, por ter sido feito de sinos das igrejas paraguaias, num acinte à religião, estava guarnecendo as trincheiras de Curupaity, onde os brasileiros sofreram milhares de baixas para lavar a honra conspurcada pelos atos de um ditador cruel e sanguinário, como a própria historiografia paraguaia do século passado sabia.
A fama heróica de Lopez é recente, de meados do século XX, com a ascendência dos regimes militares.
Eu respeito e prezo o povo paraguaio, mas não respeito a memória de Solano Lopez, que mandou torturar e matar centenas de pessoas que levava como prisioneiras, e que engendrou uma guerra onde centenas de milhares de joven morreram.
A Guerra de 1865-1870, em que dezenas de milhares de brasileiros de todas as Províncias sucumbiram ensanguentados nos banhadais em que lutavam, foi contra o Ditador megalomaníaco chamado Solano Lopez, o qual, desesperado, armava crianças fanatizadas para lutarem contra soldados experientes. Não foi, portanto, uma guerra contra o povo paraguaio, o qual, ao contrário, foi protegido depois pelo Brasil para evitar que a Argentina se apropriasse de substancial parcela do território guarani.
Eu sou contra a devolução deste troféu, porque gente de minha família morreu naqueles lugares que a História consagrou. Tios-tataravós meus e outros parentes estiveram lá, defendendo o Brasil, como integrantes da cavalaria da Guarda Nacional. Alguns ficaram enterrados naqueles campos ou afundados em suas lagoas.
Aqueles que nada sabem da história de suas famílias, e muito menos da História-pátria, não dão nenhum valor às vidas que se perderam, e as famílias de brasileiros que foram destruídas.
Mas eu dou este valor, pois sei que a gloriosa morte deles não foi em vão. Morriam, como mostram as diversas memórias de guerra, crentes de que a Nação Brasileira não os esqueceria.
Se a maior parte os esqueceu, eu não! Logo, sou a Pátria que eles amaram, e isto muito me honra.
O canhão Cristiano matou, dilacerou, estraçalhou corpos de pais, filhos e maridos brasileiros. E agora, alguém que não tem nenhuma tradição e não faz parte da Egrégora dessa Nação, pretende se locupletar na vaidade de ser magnânimo. Entregar um canhão que vai ser exposto como uma p´rova de ter matado "macaquitos", comoi chamavam aos soldados brasileiros.
Na realidade, quem faz isso é um coitado sem historicidade. Seu final será o escárnio da História.
Quando que aqueles jovens valentes, morrendo baleados, ou de peste, encharcados no corpo, mas aquecidos em seus corações patrióticos, pensariam que lhes fariam tal desonra, esquecidos até pelos próprios militares.
Se, como dizem, o Exército Brasileiro nasceu em Guararapes, o Brasil, como Nação una nasceu nos chacos paraguaios.
Não posso impedir que façam tal desatino, mas, perfilado e em continência, comando:
SENTIDO!
APRESENTAR ARMAS!
HONRA AOS VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA BRASILEIRA!
-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0-0
Nas "Memorias Del Coronel Juan Crisostomo Centurion", comandante da cavalaria paraguaia durante o conflito, consta, na página 80:
"El cañón Cristiano fué trasladado de Curupayty y colocado em en las baterias de Humaitá y el Acaberá; tan logo como estuvo concluído, fué traído de La Assunción y colocado también em Humaitá."
segunda-feira, 8 de março de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Pois é. Com tanta mulher canhão no PT, vão devolver logo este.
ResponderExcluir